quarta-feira, 29 de junho de 2011

O sentir de uma girafa

Sinto-me cansada de aturar um bicho ruim, aqui na selva. Um bicho que, sistematicamente, passa o tempo a dizer mal dos outros bichos.
Um ser da natureza, por mais paciente que seja, não aguenta um espírito tão animalesco.
No fundo, um animal egoísta, hipócrita, mal formado, fofoqueiro.
Agora percebo porque o vejo sempre a rastejar por entre as árvores, só, olhado de lado pelos seres que por ele passam.
Não passa de uma aberração da natureza, porque a natureza é mais perfeita. Mas eu não o quero ver mais. Acho que vou sair da selva.

domingo, 26 de junho de 2011

Contradições

A noite de hoje é uma mistura de tristeza e de alegria.
Tristeza por ter de voltar à floresta.
Alegria porque na floresta corre a seiva da sua vida.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Amor familiar

- Não os possso aturar mais. Estou cansada. A vida de mulher é muito difícil!- Tens de ter paciência. Eles vão crescendo.
- Pois é, isso é bom de dizer quando se está fora todo o dia. Experimenta faltar ao trabalho e ficar aqui.
- Ai ai, quem me dera. Mas sabes que não posso.
E com um sorriso maroto, afastou-se, feliz por não poder faltar ao trabalho.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Bealtaine ou o início do verão

O início do verão era celebrado pelos povos celtas em grandes festas, nas quais se acendiam fogueiras.
A mulher tinha um papel importante nos povos celtas, estando de igual para igual com o homem, quer em tempos de paz, quer na guerra.
O início do verão coincidiu, em Portugal, com a designação da primeira mulher a ocupar as funções de presidente da assembleia da república.
Passados tantos séculos sobre a existência do povo celta, não posso deixar de ficar contente, independentemente, da sua filiação partidária.
Foi mesmo dia das festas de Bealtaine.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pensamentos

Porque tenho de fazer tudo o que não quero?
E porque não posso fazer o que quero?
Não quero ver estes testes que me atormentam.
Queria-te a ti, que és inatingível.

sábado, 18 de junho de 2011

Amor

As almas vagueando pelas ondas do mar, tranquilas, apaixonadas.
E os dois corpos, sentados na areia, vendo a beleza das almas, como que a admirar dois meninos que brincam.
Como é bonito o amor!


sexta-feira, 17 de junho de 2011

A crise

Aproximam-se as medidas da troika.
Distingue-se, já perto, a onda das grandes medidas de austeridade.
E o povo mais simples, cujo produto do trabalho dá para esse dia, espera sentado, tranquilo.
Porque, em crise vive há uns bons anos. Dezenas, séculos.
E a vendedora pensa para si, enquanto aguarda por algum cliente mais destemido: será que a crise, a onda gigante que se avizinha, afectará os ricos deste país?
Não se acredita. Tal como Medeiros Ferreira não se acredita que a Justiça seja para os ricos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Mulher da Nazaré

Quantas lágrimas escorreram pelas suas faces, enquanto aguardava que o mar lhe devolvesse o seu pescador.



quarta-feira, 8 de junho de 2011

Fumador de cachimbo

Chegado ao Ilhéu acendeu o cachimbo e contemplou o vazio.
Sem pensar em nada. Absolutamente em nada.
Fumava lentamente, sentindo o prazer da fumaça.