segunda-feira, 31 de maio de 2010

Amor

Tal como a natureza desperta na Primavera, enchendo os campos de flores, também o amor deles inundou a adolescência.

domingo, 30 de maio de 2010

Mariana

Vem aí o sarau de ballet.
Nele vão entrar muitas dançarinas, todas elas elegantes, esbeltas, que parece que pairam no ar.
Mas de entre essas bailarinas, há uma que se destaca para cada pessoa que assiste.
Para mim, sem dúvida, que ela é mais elegante, a que melhor dança, a que me sorri, meio nervosa.
E ali ficarei. Especado, surpreso.
Porque é uma menina que adoro.
Ainda muito pequenina, mas já uma senhora.

Homenagem a um lutador contra a fome

Lemos que o Padre António Luís Pires, da Costa da Caparica, ameaça ir pedir de porta em porta se o Centro Paroquial deixar de ter capacidade de ajuda alimentar.
Neste momento, o Centro Social da Caparica acode a cerca de 1000 famílias, o dobro de há um ano. E agora não são só os pescadores, é também a classe média.
Uma homenagem a um padre que acaba por ser um herói num país preocupado com o futebol.
Provavelmente, o Zé do Telhado discordaria dele. Pedir? Roubar por necessidade a quem tanto roubou ao povo poderá ser crime aos olhos da justiça desta sociedade, mas não aos olhos de Deus.

sábado, 29 de maio de 2010

Caminho romano

Por este itinerário milenar, perto do Torrão, caminharam os romanos.
Por ele também nós caminhámos sonhando com a felicidade.
Que a felicidade não é algo de intangível, nem difícil de alcançar.
Por vezes basta pensarmos um pouco menos em nós.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Vieira

Por vezes, quando o cansaço me invade, penso na liberdade.
Quebrar as grilhetas.
Partir e caminhar tendo como sinais as vieiras (conchas) e como amparo um cajado.
E um dia, depois de muitos passados no caminho, chegar a Santiago.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

António


Esta noite, enquanto ouvia o Carlos Santana, senti o apelo dos ritmos africanos.
E dei comigo a jogar o oril.
Sentado, perto da Prainha, em Santiago.
O meu parceiro, um cabo-verdeano de nome António, que há muitos anos estudou comigo na primária e que nunca mais vi.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Namoro nos anos quarenta

O namoro em Alcanhões. Talvez há 70 anos atrás, ou seja, na década de 40, do século passado.
A Amália e o Aires. E de perto a Francelina, ainda menina, não fossem eles ousar o namoro.

domingo, 23 de maio de 2010

Aquela cativa que me tem cativo

Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.

Eu nunca vi rosa,
em suaves molhos,
Que para meus olhos
Fosse mais formosa.

Luís de Camões

Ti Jorge

Bem longe do seu Amazonas, Ti Jorge não esqueceu o seu amor à pesca.
O peixe do Ribatejo é bem diferente do que pescava, mas também é peixe.
E depressa aprendeu que aquela vala encantada é um rio de amor, tal como o seu Amazonas, embora em escala reduzida.
E, enquanto pesca, os seus olhos perdem-se no encanto dos namorados que por ali se apaixonam.

sábado, 22 de maio de 2010

A taverna

No Sobreiro, perto de Mafra, Mestre José Franco recriou a vida de há uns anos atrás.
A taverna era o local de encontro. Ali se conversava e ali se embalava para a noite, esquecendo, com o poder embriagante do álcool, o dia de trabalho árduo e os filhos com fome em casa.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A olaria do Sr. João Mértola

Não resisti ao passar na linda vila do Redondo. Entrei na Olaria do Sr. João Mértola.
Com sete anos, sete, começou a trabalhar. Sendo que nasceu em 1930, em 1937 era já um aprendiz de oleiro.
Fiquei a pensar em muitos dos que elegemos para nos governarem. Vidas feitas nos partidos, em grande parte das vezes sem passarem pela realidade do trabalho.
Provavelmente será a razão para, depois de eleitos pelos trabalhadores, elegerem os trabalhadores como os bodes expiatórios.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Cão Grande

O pico Cão Grande, em S. Tomé, mais parece um menir erigido pelos deuses menores aos deuses maiores.
Porque pela sua dimensão não poderia ter sido erguido pelos homens.
E se por aqui há divisões entre os homens, provavelmente também o haverá entre os deuses.
Resta dizer que o menir era, provavelmente, um símbolo fálico objecto de culto ligado a rituais de fertilidade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Serena

Serena, seguia pela berma da estrada.
Tinham-lhe dito que era um excelente miradouro.
Que dali podia ver os melhores pastos. E espreitar, pelo canto do olho, uns touros que por lá pastavam.
Serena, porque assim se chamava essa vaca dos Picos da Europa, caminhava com cuidado, com o seu passo elegante.

O tango

Finalmente já tenho um parceiro para dançar o tango!

domingo, 16 de maio de 2010

Cullis Monumentalibus

Longe vão os tempos em que o Zé Povinho, de Rafael Bordalo Pinheiro, fazendo o gesto do manguito, representava uma atitude de revolta, de crítica social.
Hoje, em Oviedo, esta estátua de Eduardo Urculo, poderá simbolizar um novo povo. Mais submisso.

sábado, 15 de maio de 2010

O fantoche

Ao olhar para o fantoche a ser manipulado, pensei nos versos de uma canção do Rui Veloso:
«Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover»

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A bóia

Esta foto foi tirada em Cabo Verde, em 2002.
Também tive uma bóia assim. Uma câmara de ar que me ofereceram numa oficina.
Já lá vão tantos anos.
E tive-a por tão pouco tempo.
Fui numa excursão a Cascais, com a minha mãe. E aí eu vi o mar. E esqueci-me de tudo.
Quando me encontraram, já a camioneta tinha esperado por mim uma hora. E eu no banho.
Pronto. A minha mãe, com uma navalha, acabou com a bóia.
Mas soube bem boiar dentro dela.

Escandaleira

Ao ver o nome desta praça, em Espanha, lembrei-me de um país que eu conheço.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Saudades de um amigo

Uma homenagem a um lutador.
Grande homem e grande mestre.
Partiu um dia sem se despedir.
Nesta longa caminhada vemos os camaradas ficarem para trás, até que chegue a nossa vez de desistir.
Saudades amigo Canana. Muitas saudades.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Uma comunidade modelo

«Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos de acordo com as necessidades de cada um.»
Actos dos apóstolos, 2, 44 e 45

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ilha do Fogo

Em Cabo Verde, na Ilha do Fogo.
A imagem é duma beleza rara.
Lembra os nossos campos, a agitação febril que se desenvolve em volta das flores.
Lembra a vida, sempre e em qualquer lugar, intensa, num misto de prazer, de amor, de sentir.

domingo, 9 de maio de 2010

Hora da sesta

Acabou a venda da fruta.
Agora é hora da sesta, ali mesmo na praia, que o sono aperta.
O sangue mais jovem, sonhador, ainda resiste.

Praia da Nazaré

O mar bate na praia da Nazaré.
Provavelmente por ali nos encontrámos, sem nos conhecermos. Teria eu 11 anos e ela menos 4.
Que praia a da Nazaré, que sempre nos marcou. A ambos.
E foi ali, por entre as ondas da areia, ao entardecer, que conheci o seu ondular.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Hombre bueno

O homem bom está cansado.
Será que vai nascer o homem mau?

O peso da solidão

Olhar para a estátua que decorava o jardim lembrava como nos sentimos em alguns dias.
Pressionados. Parece que nos meteram algo de muito pesado em cima.
E nesses momentos (por vezes longos dias), tudo se afasta. São os momentos da solidão. Do sofrimento em silêncio.

domingo, 2 de maio de 2010

Dia da mãe

Hoje foi dia da mãe.
Um dia bonito, não só porque foi às mães a quem Deus deu a capacidade de gerar novas vidas, mas também pelo papel que as mães têm no equilíbrio da sociedade.
Um dia destes fui surpreendido por uma prenda da minha irmã: a foto da minha avó materna, de seu nome Maria do Carmo. Teria cerca de dezoito anos quando o fotógrafo a registou para a posteridade.
Ela foi a mãe da minha mãe, mas também uma segunda mãe dos seus netos.
Era uma mulher bonita. E teve tantas acções bonitas.
Ainda a vejo, com um pato vivo, dentro de uma alcofa, para vender. Só os vendia vivos. Não os conseguia matar.
Tantas histórias que irei aqui contar sobre ti, com quem vivi alguns anos, talvez os melhores da minha vida.

sábado, 1 de maio de 2010

Um novo fotógrafo

Esta foto, tirada pelo Miguel, não representa só a conversação entre dois malquereres, a qual não percebemos por ainda não entendermos a língua deles.
Representa a passagem de um testemunho. O gosto pela fotografia a passar de pai para filho.

A velha bicicleta

A velha bicicleta está arrumada a um canto. Mas ainda conserva a chapa de matricula.
Tantos caminhos percorreu, quantas das vezes em ziguezague, fosse por falta de força ou por uma cervejita a mais.

O ninho


Vão longe os tempos em que, miúdos, corríamos os olivais à procura de ninhos. Os passaritos acabavam por morrer na gaiola e no ano seguinte lá voltávamos ao mesmo.
Espero que estes pequenos melros fiquem por ali, pertinho do lago, no sítio onde nasceram.