quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

António Cordeiro

O António Cordeiro, ou Toino Quarto como era conhecido.
Um homem invulgar. Pobre mas honrado.
O seu cajado de bambu era o guardião das filhas nos bailes que então se faziam.
Talvez o seu principal modo de vida fosse a caça profissional. Com o dinheiro obtido alimentava a Avó Maria e os seus seis filhos.
O que soube dele foi-me contado por muitos dos amigos que deixou e por familiares, já que quando morreu eu teria apenas dois anos.
Sinto-me orgulhoso de ter tido um avô assim.

Avieiros

Nas margens do Tejo, na Aldeia do Escaroupim, esta casa simples, feita de tábuas de madeira. A porta abre-se e o rio enche a vista.
Tal como na Palhota e nas Caneiras, aldeias avieiras.
Nas Caneiras tinha o Toino Quarto grandes amigos. E o seu neto por ali ouviu o relato do Portugal - Coreia, em 1966.
Foi com a leitura de Alves Redol que melhor compreendi o povo avieiro e a sua migração do mar para o rio.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Água fresquinha

Passo por ti e não resisto a parar. Bebo da tua água fresca e através de mim passam memórias de quantos em ti mataram a sede, refrescaram as faces, afogueadas de calor, encheram vasilhas.
E de ti sai um regato que foi o regalo de pintassilgos, rolas, melros, eu sei lá.
E, também, poderia ter sido em ti que um menino enchia uma bilha de barro para depois ir, depressa, vender a água, ao copo, aos visitantes que acorriam à Feira do Ribatejo, sedentos de sede que o sol de Junho apertava.
- Água fresquinha, gritava então.

Nossa Senhora d'Aires


Sob o sol escaldante do Alentejo, acolhes milhares de preces expressas em fotografias e em artigos que simbolizam acontecimentos importantes na vida do ser humano.
No seio do teu Santuário encontramos ricos e pobres, mães que esperaram pelos seus filhos, doentes que pedem melhoras, almas que anseiam pela tua protecção, agradecimentos pelo que fizeste.
Quando, no silêncio da noite, enches de carinho e afagas todas aquelas pessoas, dá também um beijinho aos meus meninos.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Gárgula


Esta gárgula (que se poderia traduzir por garganta), uma das três da Fonte da Luz em Viana do Alentejo, é uma herança da idade média. Então acreditava-se que estas figuras monstruosas ganhavam vida durante a noite.
Como que uma guardiã da fonte, porque, então, a água representava a vida.
Fecho os olhos e ainda vejo um menino a subir uma ladeira, a empurrar um carro de mão adaptado com dois orifícios onde cabiam duas bilhas para o transporte da água.

Lourenço


Do Casal das Eirinhas ao Chaboco dos Alentejanos era uma alegria e uma aventura para os três rapazes do casal. A carroça descia pela estrada das Omnias a um velocidade que nos fazia vibrar. A conduzi-la o Lourenço, um pequeno homem, com coração de gigante.
Nunca soube porque corria a mula tão depressa. Se por mando do Lourenço, se para ver os cavalos a pastarem no Chaboco dos Alentejanos.
A foto não é desse tempo, que já vai longe. É do resto desse tempo, porque tempos diferentes se aproximam.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Pirico


Amigo Pirico
Longe vão os tempos dos cavalos, do peixe, da fruta.
Eras um mestre. Poderias estar rico. Mas a riqueza não conjugava com a tua forma de viver.
Se fizermos um balanço da tua vida, chegamos à conclusão que o prato pesa para o lado da liberdade individual.
Na realidade foste feliz. E quando gostavas, gostavas mesmo. Que o diga o Miguel, teu neto. Se um dia lhe faltas é talvez a pessoa que mais vai sentir.

Dois amores

Azambuja - Catavento popular

Um outro catavento às portas da Azambuja.
Contém de tudo o que se possa imaginar, deste a tampa do tacho à boneca já queimada e que um dia foi o bébé imaginado de uma menina.
Esperemos que o vento não pique. Porque o vento também sopra das pessoas.

A maré pica de baixo


A «maré pica de cima» ou «a maré pica de baixo» podem ser termos utilizados para distinguir os ventos norte e sul que anunciam bom ou mau vento.

Perto da Azambuja, nas pequenas hortas arrancadas à lezíria, encontra este e outros cataventos, construídos com o que se vai encontrando.

Porque a imaginação humana é muito grande.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Vala da Azambuja


Já não sente a ondulação vinda do Tejo, o sussurrar das águas contra o seu casco.
Encostado nas margens, bem perto da vala que outrora fora parte importante do seu mundo, recorda-a com carinho e, por vezes, até acredita que ainda pode sulcar as suas águas.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Santarém - Portas de Sol


Quantas vezes adaptei um poema de António Gedeão e te declamava «Silvana, Silvaninha, Amor do meu coração

Tu soubeste sempre qual o teu rumo. Sempre tiveste confiança no teu futuro e sabias escolher o caminho. Por isso nunca te sentiste preterida, porque sempre compreendeste que alguém necessitava de muito amor.
Existem plantas que necessitam de poucos cuidados e outras de todo o carinho, sem o qual não podem sobreviver.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal


A primeira das muitas peças pintadas por uma nova artista.

Que este Natal encha a consciência do Homem.
Já basta de guerras, de exploração, de ódios.
É tempo de construirmos um Homem novo!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A tia do Sr. Manuel


Já faleceu esta velhinha. Contava-me o amigo Manuel, seu sobrinho, que teria perto de cem anos.
Quando cheguei à Cidade Velha, em Cabo Verde, agarrou-se-me a mim aos beijos.
Lembrei-me então da minha avó, que também já partiu.
Que ambas repousem em paz.

Engenharia Infantil


Em S. Tomé, as crianças juntam o útil ao agradável.
Brincando, transportam os cocos.
Que saudades dos meus carros de arame.
Hoje cansei-me de andar nos centros comerciais a tratar das prendas. Será que a família desta criança se cansou pelo mesmo motivo?
Como será o natal desta criança?

domingo, 20 de dezembro de 2009

Praia da Marinha - Gaivota

Trabalhou, trabalhou, trabalhou.
Os filhos cresceram e não reparou.
Perdeu o amor um ano destes e não reparou.
Os anos passaram e não reparou.
Hoje tudo partiu.
Está só.

Açores - Parque Terra Nostra


Bem há pouco tempo nos encontrámos. Lembras-te? Fotografei-te e tu arranjaste mil formas para te fixar a câmara, sempre em posições fotogénicas.
Contrariamente ao seres humanos que arranjam mil formas para depressa passarem por esta vida, sem a terem vivido.

Cabo Verde - Prainha - 2002

Como será estar contente?
Lançar os olhos em volta,
moderado e complacente,
e tratar com toda a gente
sem tristeza nem revolta?
Sentir-se um homem feliz,
satisfeito com o que sente,
com o que pensa e com o que diz?
Como será estar contente?

António Gedeão

sábado, 19 de dezembro de 2009

Memórias - Aristides


Uma casa humilde, duas divisões separadas por um tabique a meia altura.
Uma cama, um casal de amantes.
Por cima do tabique um menino espreita. Gostava que fosse sempre assim. Teria um pai como os seus amigos.
Passou o fim de semana. Aristides não voltou mais.
Na tv, a mãe vê as corridas no Campo Pequeno. Um grupo de homens entra para limpar a arena. A mãe aperta, com força, a mão do menino.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Barcos da Ria de Aveiro


Na Ria de Aveiro, os barcos moliceiros ostentam painéis decorativos.
Muitas das vezes, carregados de erotismo, acabam por perpetuar o amor vivido entre homem e mulher.

Foto de um amor equino


Ela uma égua índia, com as cores que adora, crinas de um castanho sem igual. Uma mancha branca, adorno de fêmea. Cavalos amigos chamaram-lhe um dia sombra-de-luar, talvez pela sua calma, perante tantas adversidades.
Ele um cavalo orgulhoso, o herói da sua égua.
Juntaram-se um dia e, depois, muitos dias. Na lezíria, junto ao Tejo, proclamaram amor eterno, reconhecendo-se como almas gémeas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cabo Verde - Cachupa

O jantar vai ser cachupa.
Cachupa pobre porque a família também o é.
Ali bem perto, na casa dos patrões, come-se a cachupa rica.

Uma fogueira nas margens do Tejo


Junto ao Tejo uma fogueira pode servir para confeccionar uma refeição, para nos aquecer, mas também para fortalecer a amizade entre pai e filho.

A luz ao fim do túnel


Ver uma luzinha no fim do túnel é um momento de alegria.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Estoril


O dia hoje não foi bom.
No entanto, apesar dos meus problemas, vejo o sol por-se e penso nos meus semelhantes que não têm uma côdea de pão para o jantar.
Pensando bem, os meus problemas derivam desta sociedade consumista e a minha ansiedade não é mais que um pouco de egoísmo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Gerês - 2009


Podia representar a fronteira entre o mundo real e o mundo utópico.
Do lado de cá, a aridez, o vazio, o dia-a-dia.
Do lado de lá, o verde, a natureza, a força da vida, a utopia.
A caminhar para o lado de lá eu e o meu amigo (também meu filho).

domingo, 13 de dezembro de 2009

A lareira


Nas noites frias, o calor da lareira.

O crepitar do lume, aquecendo os corpos, inunda o espírito de pensamentos positivos.

A lareira não aquece só os corpos, aquece-nos também a alma e enche-nos de felicidade.

A lareira pode ser cada um de nós.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Memórias - Excursão


Algures num ano já recuado, uma excursão de Alcanhões.

Alentejo


O Alentejo é na verdade o máximo a que podemos aspirar.
O descampado dum sonho infinito e a realidade dum solo exausto.

Miguel Torga

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Botas abandonadas


Como se sentirão estas botas?
Abandonadas, desprezadas.
Quem as calçava desgostou delas e deixou de as utilizar.
Antes descalço que sentir a pele dos seus pés junto a uma pele já gasta, foi assim que pensou.

Bode


Amigo Bode

Vi-te um dia no Gerês. E achei-te empolgante, dominador, o senhor das cabras.
O tempo passou, a tua barba embranqueceu, os jovens bodes tornaram-se adultos e as tuas fêmeas deixaram de ver em ti o grande herói.

Farrapeira


Tempos difíceis os teus. Tempos da Farrapeira. Lembras-te quando experimentaste a ajuda de um homem? E ele estava incomodado com o teu menino?
Foi por aqui que disseste que o teu menino era a tua vida. E na tua vida não podiam existir contradições.

Adoro-te

Somos muitas vezes iludidos e repudiamos aqueles que devemos proteger.
Irmãos são os que se amam e perdoam os erros. Na longa caminhada da vida, são o amparo e o carinho. São eles que nos ligam às origens.
São os primeiros amigos, aqueles a quem confidenciamos as nossas fraquezas.

Pedacinhos do coração


Corria o ano de 1983.

Meninos então, adultos hoje!

São pedacinhos do meu coração.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Vistas


Outrora, apogeu de vida, local de vistas largas.

Hoje, um fim anunciado!

Taizé - 1998


TAIZÉ NÃO SE EXPLICA, VIVE-SE...

Li esta frase na net. E foi assim que Taizé me foi apresentada há alguns anos.

Que a felicidade ali encontrada e que inunda o teu rosto te ilumine para sempre.

Pequenos deuses caseiros


Pequenos deuses caseiros
que brincais aos temporais,
passam-se os dias, semanas,
os meses e os anos
e vós jogais, jogais
o jogo dos tiranos.
o jogo dos tiranos.
o jogo dos tiranos.

Letra de Sidónio Muralha
Música de Manuel Freire

Aves


O céu era de um azul maravilhoso.

Na sua azáfama, numa labuta incansável, as aves depressa o deixaram bem negro.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Entre Marvão e Castelo de Vide


Quando pensamos que chegámos ao fim da estrada, surge um novo troço, plano, caminho bem delineado.

A caminhada tem as suas subidas e descidas, mas também tem as planícies para nos temperar as forças.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Moinho - Pêra


Eis o que resta do moinho!
Representa tão só
o que sobra da paixão que unia
moleiro e moleirinha.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo, Cabo Verde


No céu
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
— Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.
Aguinaldo Fonseca

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Memórias - O casamento


Foi há muito que se realizou este casamento. Não sabemos qual a data. Apenas uma certeza: o noivo fez hoje 86 anos!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Memórias - Um piquenique

Debaixo das amendoeiras, um piquenique no Algarve.
Aqui, uma vez por ano e durante cerca de um mês, reviam-se mãe e filho.
Eram tempos de ternura!

Memórias - A lavagem da roupa

Não há muitos anos, a lavagem da roupa era feita nos rios e ribeiras ou em tanques, como nesta vila situada num planalto.
Ao rever estas fotos lembramo-nos, também, de quantos nos eram tão queridos e que já partiram.

S. Tomé e Príncipe - Canoas


«À entrada da cidade, à beira da marginal, pescadores lançam as redes ao mar sem sequer saírem da areia da praia. O que poderão eles pescar ali, na rebentação?
Paro o jeep e vou ver: camarões, salmonetes, linguados! Do outro lado da estrada, filas cerradas de bananeiras, coqueiros e a árvore da fruta-pão estão ao alcance de um braço.»
Miguel Sousa Tavares, Sul

S. Tomé e Príncipe - D. Tété



Foi na casa da D. Tété que conheci o sabor africano do peixe grelhado. Uma mulher cujos dotes jamais esqueceremos. E uma simpatia.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Doce de cenoura


A experiência na doçaria continuou com um belo dum doce de cenoura. Ummmmm. Que bom que ficou.
2 kgs de cenoura; 2 paus de canela; 1,5 kgs de açucar; 100 g de miolo de amêndoa; duas laranjas (aproveitámos a casca de uma, cortadinha em pedacinhos e os gomos das duas); um pouquinho de baunilha.
Uma especialidade!

Doce de castanha


O mês de Novembro termina. Mas antes, um doce de castanha para adoçar as noites frias de inverno.
2Kgs de castanhas; 1,5 kg de açúcar; o,5 litros de água; raspa de 1 limão; 2 paus de canela, erva doce e um punhado de miolo de noz.
Não há como comer um doce para esquecer as agruras da vida.