quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A creche da fábrica

Creche da Vista Alegre
Enquanto o autocarro subia na direcção da Graça, em Lisboa, a senhora idosa, que se sentou ao meu lado na Feira da Ladra, ia falando para ela própria.
Que a vida naquele tempo era difícil, ganhava-se pouco. Mas não era a imoralidade de hoje. Os recursos não eram muitos, os ladrões também não o eram, como são hoje (bastava ver que o Salazar morrera sem qualquer património).
Se não havia dinheiro, havia, pelo menos, solidariedade e respeito por quem trabalhava. As grandes fábricas até tinham creches, refeitórios, bairros.
Não respondi. Que haveria de responder? Se tudo aquilo começava a ser uma verdade para mim.


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