sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Carocha

Fechei um pouco os olhos. Um pouquinho só. O suficiente para sentir de novo as tuas mãos pequeninas. Como naquela vez em que fomos às folhas de amoreiras para os bichos da seda, que afinal eram folhas de outra árvore e mataram os bichos. Sou mesmo troll.
Eu sei que é egoísmo. Toda esta dor de alma não pode ser pelo que perdeste, porque estás bem. É pelo que eu perdi, eu sei.
Tu eras o teu pai em pequenino, o meu outro filho como diz a Joana. E repara como a Mamã é parecida com a Joana. Passam as duas por minhas filhas.
Mas tu também me dizias que eu era bonito, que eu não era gordo. Só tinha uma barriguinha um bocadinho grande, parecida com a do teu papá. E para me agradares dizias que te chamavas Mariana Batista Madeira Carocha, porque eu te chamava Carocha.
Amanhã, às 17 horas vou despedir-me do corpinho que há dois dias abandonaste. Mas não me despeço de ti. Vais ver a surpresa que estou a pensar. Depois poderei continuar as histórias da raposa, do grou, do lobo, do homem das botas.
Muitos beijinhos minha Carocha.

Sem comentários:

Enviar um comentário