Flamingo, Jardim Zoológico de Lisboa |
Um dia, a raposa e o grou foram convidados para um casamento e ficaram na mesma mesa. Quando veio a comida, papas de milho, a raposa que tinha uma grande língua comeu tudo e o grou, coitado, ia bicando, mas só se ouvia o barulho do bico a bater na travessa.
O grou ficou muito triste e disse para consigo: deixa estar raposa que um dia vais ver.
Uns meses mais tarde encontrou a raposa encostada a uma árvore e com muita fome.
- O que tens raposa?
- Há dois dias que não encontro nada para comer!
- Olha, disse o grou, vai haver uma grande festa no céu, com muito comer e muita música. Se quiseres ir comigo, eu levo-te. Agarras-te às minhas penas do rabo e vamos.
Não demorou muito, estavam ambos a caminho do céu. A raposa com a boca bem fechada nas penas do grou e o grou a voar, a voar.
- Olha raposa, não ouves já a música? O que o grou queria era que a raposa abrisse a boca e caísse. Mas a raposa não abriu, para não cair.
Um pouco mais acima, o grou disse: ai que cheirinho a comida. Não te cheira raposa?
Nãoooooooooooooo. A raposa esquecera-se, abriu a boca para dizer não e veio por aí abaixo.
Mas a raposa, que era muita boa, teve uma ajuda. Caiu numa carroça, em cima da palha.
....
Esta é a primeira parte da história da raposa que me contaram quando eu era pequenino e que te contei a ti. Mas como quem conta um conto, acrescenta um ponto, se tivesse de a contar outra vez, dir-te ia que não ouve casamento nenhum, nem vingança. Para mim, a raposinha foi deitada violentamente ao chão porque o grou já estava velho e não devia de voar. Ou então, voava baixinho que, assim, a queda nunca seria grande.
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