segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A raposinha e o lobo

Gerês - Próximo da Portela do Homem

Então, a raposinha depois de se apanhar com as botas que os senhores compraram na feira, foi por esses campos fora, muito contente, com as botas calçadas.
Mas o lobo, que andava por ali perto, viu vir a raposinha e escondeu-se.
- Olá comadre raposa!
- Que susto que me pregaste compadre lobo.
- Mas que lindas botas que trazes. E como te ficam bem.
- Obrigado compadre lobo. Fui eu que as fiz, disse a raposinha cheia de vaidade (e a mentir, claro).
- Foste tu? Não me estás a enganar?
- Claro que não compadre Lobo. Se quiseres também te faço umas, disse a raposinha, já a pensar como haveria de enganar o Lobo.
- Ai como eu gostava de ter uma botas assim. Ando com os pés tão feridos. O que queres para me fazeres umas iguais às tuas?
- Só preciso de três carneiros bem gordos, para a pele vir esticada, disse a raposa já a babar-se com o que iria comer.
....
Hoje, serias tu a corrigir a minha estória e a contar-ma da seguinte maneira.
O anjinho do céu, que antes era a raposinha morta pelo velho grou que já não tinha idade para voar, foi levado por muitos anjinhos à presença do Senhor Deus.
Mas antes de chegar, recebeu tantos beijinhos de anjinhos. Até o menino da Ofélia que tinha partido cedo ali estava para o receber.
O Senhor Deus tomou o anjinho dos céus nos braços e disse-lhe:
- Minha querida, cumpriste o que te era destinado. Enquanto algumas almas terão de regressar vezes sem conta, tu atingiste a perfeição. E eu necessitava de ti aqui a meu lado.
E continuou o Senhor Deus:
- Tal como o lobo perguntou o que necessitavas para fazer as botas, eu pergunto-te o que necessitas para transmitir a tua felicidade, o teu carinho, o teu sorriso, àquelas almas que vivem na terra.
Senhor Deus meu, pedia-te apenas três coisas:
- que dês coragem aos meus pais da terra para que sejam felizes e façam da minha mana uma raposinha feliz;
- que eu possa ser uma bailarina aqui nos céus;
- e que a minha estrelinha fique mesmo por cima da casa dos meus pais. Sabes, a minha mãe fica a dar mama à minha mana raposinha. Mas o meu pai sai sempre até à rua. Ali fuma um cigarro e observa as estrelas. Assim, quando me ver chama a minha mamã.
- Assim será meu anjo do céu. E, então, a menina saiu do pé do Senhor, com todos os anjinhos do céu, todos a dançarem aqueles passos do ballet da Carmen, como no sarau de 2010.

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