domingo, 24 de outubro de 2010

Chapéu preto

Lembro-me de uma cauteleira que fumava como um homem e que eu adorava.
Essa cauteleira, de nome Maria da Graça, era viúva de um irmão de meu avô, o António Quarto. Tinha tido três filhos, entre eles, o Manuel Joaquim. Este teve também três filhos, dos quais, um é muito conhecido: Pedro Choy.
Recordo ainda a Maria da Graça e a minha mãe, ambas já no céu, a cantarem o «chapéu preto»:

A azeitona já está preta,
Já se pode armar aos tordos.
Diz-me lá, ó cara linda,
Como vais de amores novos.

É mentira, é mentira,
É mentira sim, senhor!
Eu nunca pedi um beijo,
Quem mo deu foi meu amor!

Ó que lindo chapéu preto
Naquela cabeça vai.
Ó que lindo rapazinho,
Para genro do meu pai.

Quem me dera ser colete,
Quem me dera ser botão.
Para andar agarradinha,
Juntinha ao teu coração.


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